Dia Mundial da Tolerância
O ano, de 1995, foi declarado pela UNESCO “Ano Internacional para a Tolerância”, com a finalidade de promover a erradicação do racismo, xenofobia, antissemitismo e intolerância. Passaram-se 23 anos e continuamos, diariamente, em nosso país e nestes últimos tempos, a nos deparar com o rosto cruel da barbárie humana que fustiga, discrimina, humilha e mata. É bom colocar, desde o princípio, que a tolerância não significa aceitar tudo e levar a vida de uma forma light e indolor, não se importando com nada, assumindo um relativismo radical.
Pelo contrário, ela exige esforço e doação, pois a tolerância, bem vivida, consiste na prática da caridade, virtude mais vasta que a engloba. Ela adota os três matizes que foram outorgados à caridade pelo próprio Cristo: amarmo-nos uns aos outros (Jo 13,34) e fazê-lo como a nós mesmos (Mt 22,39), sem esquecer que a forma exata que esse amor deve assumir é a de Cristo (Jo 15,12). Federico Mayor Zaragoza, que já foi Diretor Geral da UNESCO, concebia assim a tolerância: “A partir de hoje, na consciência e no comportamento de cada um de nós, a tolerância deve assumir o seu sentido mais forte: não simplesmente a aceitação do outro na sua diferença, mas o impulso para o outro, com o propósito de conhecê-lo melhor e, de cada um, se conhecer melhor através dele, a fim de partilhar com ele, de lhe estender a mão da fraternidade e da compaixão, para que os valores universais, comuns a todos, se enriqueçam com a preciosa especificidade de cada um, e de cada língua, com a insubstituível criatividade de cada pessoa”.
Onde a tolerância falta, temos a violência, o ódio, o destempero verbal, o destrato para com os fracos e pequenos, a opressão das minorias e os monstros mais atrozes: o totalitarismo e a guerra. Por isso, apostamos num compromisso moral, ativo, com valentia cívica, para construir uma cultura de solidariedade, da tolerância e dos direitos humanos, para erradicar definitivamente o fanatismo e a intolerância da face da terra. Que o Pai bondoso e misericordioso, que enviou seu Filho Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, para nos reconciliar, nos ajude a sermos cada vez mais profetas e servidores do seu Reino de justiça, inclusão e ternura. Deus seja louvado e que a Paz prevaleça sobre a Terra!
Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo de Campos (RJ), via CNBB