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A Voz do Pastor › 04/08/2018

Liturgia da Palavra: História do Hino do Glória

Olá amigos e amigas internautas.
Que todos possam estar bem dispostos para continuarmos nossa reflexão semanal sobre a nossa Sagrada Liturgia.

Hoje vamos refletir sobre a HISTÓRIA DO HINO DO GLÓRIA.

O Hino do Glória que a Igreja incorporou à missa é uma das mais antigas peças da Liturgia.

Como o “Kyrie”, também o Glória não foi criado originalmente para a liturgia da missa. É uma herança do tesouro dos hinos da Igreja antiga, um precioso resquício de uma liturgia quase desaparecida, na época certamente muito rica de cantos litúrgicos que se desenvolveram na jovem Igreja, segundo o modelo dos cânticos bíblicos, principalmente dos Salmos. Remonta ao século II. Era um texto rezado na oração da manhã. Incorporou-se à Liturgia Romana por ocasião do Natal, por começar com as palavras dos anjos em Belém: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que ele ama!” (Lucas 2, 14).

Nos textos do Glória, podemos distinguir três versões:
1. a grega das Constituições Apostólicas (+ – 380);
2. a siríaca da liturgia nestoriana;
3. a grega da liturgia bizantina, que também já consta no Códice Alexandrino (Cordex Alexandrinus) do Novo Testamento (séc. V) e que equivale basicamente à nossa versão ocidental (que consta no Missal Romano).

Vejam como era o texto no Códice Alexandrino.

Glória a Deus nas alturas e na terra paz e boa esperança aos humanos!
Adoramos-te, glorificamos-te, elevemos-te, ó tu, ser que és desde a eternidade, oculto e de natureza incompreensível, Pai, Filho e Espírito Santo,
Rei dos reis e Senhor dos senhores,
tu que moras na luz sublime, a quem jamais viu nem pode ver nenhum ser humano,
tu que só és santo, só és poderoso, só és imortal (cf. 1Tm 6, 15ss).
Confessamos-te por Jesus Cristo, o mediador de nossos louvores, o redentor do mundo e o Filho do Altíssimo.
Ó cordeiro do Deus vivo que tiras os pecados do mundo, tem piedade de nós!
Tu que estás sentado à direita do Pai, aceita nossa súplica!
Pois tu és nosso Deus, e tu és nosso Senhor, e tu és nosso Rei, e tu és nosso re-dentor, e tu és o perdoador de nossos pecados.
Os olhos de todos os humanos estão voltados para ti, Jesus Cristo.
Glória a Deus, teu Pai, a ti e ao Santo Espírito, pela eternidade.
Amém.

As divergências deste texto com o texto do Missal Romano não são tão grandes, como outros textos latinos, como o Antifonário de Bangor, composto por volta de 690.

Na Igreja latina, o Glória originalmente não estava destinado prioritariamente à missa. Não foi um hino feito para ser realizado na Eucaristia. Era um canto de agradecimento e de festa. Como tal, em ocasiões especialmente festivas em Roma,

A notícia do Livro do Papa registra, em torno de 530, que o papa Telésforo decretou o seu uso para a missa noturna de Natal, isto pressupõe, naquela época, que o Glória há muito já tinha seu lugar na missa romana. Alguns estudiosos dizem que a atribuição a Telésforo é mera invenção, já que todo o hino provavelmente chegou ao Ocidente através de Hilário.

O papa Símaco (+514) teria ampliado seu uso para os domingos e as festas de mártires, mas somente na missa do bispo.

A rubrica do Sacramentário Gregoriano determinava que fosse feito depois do Kyrie.

Segundo o Ordinário de Saint Amand, o presbítero tinha o direito de entoá-lo ainda, no dia de sua ordenação, quando ele estava sendo acompanhado em procissão solene até sua Igreja titular e lá celebrava a primeira missa.

No século XI se fazia a pergunta: por que o sacerdote não teria também permissão de usar o Glória, pelo menos no Natal, onde teria seu lugar mais apropriado? No entanto, pelo fim daquele século desapareceu esta diferença entre sacerdotes e bispo. O Glória seria recitado em cada missa que possui caráter festivo. Então podemos dizer que primeiramente os bispos incorporaram o Hino do Glória à missa de Natal até o século VI, estendendo-se depois aos presbíteros, imitando o bispo.

O Liber Pontificalis (séc. VI) atesta como antigo costume, que para a missa do galo, o Hino do Glória ficava entre o Salmo e a coleta (oração do dia). Isso só uma vez ao ano: no grande dia de Natal.

Diferentemente do Kyrie, o Glória era, desde o início, um canto, mas um canto da comunidade, não de um grupo particular. Em comparação com o Kyrie, o Glória estava destacado também pelo fato de que era entoado, pelo próprio papa.

Quando era um sacerdote que devia entoar o Glória, este permanecia no lugar assumido após o beijo do altar, ao lado da Mesa da Palavra (Ambão). Somente a partir do século XII, a entonação do Glória passa para o centro do altar, entoa com as mãos levantadas, que tinham repousadas sobre o altar, quando diz a palavra: Deus. E finalmente se concedia o mesmo lugar também à sua finalização.

Você sabia de tudo isso? Como é bom conhecermos a história dos ritos que celebramos! Eles passam a serem celebrados com mais ardor mistagógico. Durante estas reflexões que iremos fazer sobre o Hino do Glória, vamos perceber a sua riqueza, por isso a orientação da Igreja é esta: “O TEXTO DESTE HINO NÃO PODE SER SUBSTITUÍDO POR OUTRO” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 53). O que nem sempre as equipes de celebrações respeitam por aí, basta analisarmos as letras do Hino do Glória que cantam!

Até mais…

 

Padre Ocimar Francatto

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